Espaços modulares, mesas rotativas e escritórios que mesclam funcionalidade com conforto residencial são algumas das principais tendências da arquitetura corporativa.
Essas informações foram compartilhadas por Sergio Athié e Bruna Murolo, respectivamente sócio e arquiteta conceituadora da Athié Wohnrath, no talk “Tendências e soluções aplicadas à Arquitetura Corporativa”. O bate-papo faz parte de uma série promovido pela revista Projeto e pela Minimal Design, com mediação do publisher Fernando Mungioli, e aconteceu no dia 3 de junho, no espaço Conexão Minimal, na CASACOR SP.
A escolha não poderia ser mais apropriada: a a|w é líder em arquitetura corporativa na América Latina e uma das maiores construtoras do Brasil. Fundada em 1994 com o objetivo de preencher uma lacuna no mercado brasileiro de arquitetura corporativa, evoluiu ao longo dos anos e expandiu sua atuação para incorporação e construção.
No talk, Sergio e Bruna destacaram o papel da tecnologia na evolução dos espaços corporativos, mas também a crescente demanda por flexibilidade e adaptação, essenciais para atender às diferentes necessidades das empresas e para promover o bem-estar dos colaboradores.
Tecnologia e inovação
Um dos temas centrais do debate foi o papel da tecnologia na arquitetura corporativa, que, para Sergio, vai estar cada dia mais presente nas rotinas das empresas, não apenas como facilitadora de processos, mas como um componente intrínseco do ambiente de trabalho.
"Por exemplo, a IA vai impactar diretamente como projetamos os espaços. Isso já está acontecendo agora, mas está crescendo de forma exponencial", diz Sergio Athié.
Paineis de led na entrada do Serasa Lab, em São Paulo | Foto: @douglascostanzo
Outro exemplo de tendência na arquitetura corporativa é a integração de tecnologias como sistemas de agendamento de salas e soluções de home office, fundamentais para a eficiência e a experiência do usuário. "Antes, falar de tecnologia no escritório era ter um painel de LED ou uma sala de videoconferência superequipada," diz Bruna Murolo. "Hoje, a tecnologia deve estar presente em todo o espaço, de maneira integrada."
Isso se traduz em utilização de QR code para acesso a lockers e salas de reunião e sistemas de agendamento que garantem pontualidade e eficiência, com espaços sinalizados por cores para indicar disponibilidade, entre outros.
Espaços flexíveis e modulares
Os espaços flexíveis são uma resposta à mudança nas dinâmicas de trabalho e às novas necessidades das empresas. A pandemia acelerou essa transformação, levando muitos clientes a repensarem seus espaços, que não seguem mais o modelo tradicional de 9h às 18h.
"Hoje está muito claro que existe a necessidade das empresas de trazer o pessoal de volta, mas os espaços devem ser pensados para atividades específicas, e não para uma quantidade de pessoas determinada”, diz Sergio.
Ao invés de 300 mesas para 300 funcionários, os espaços são planejados por atividade. "Não vou pensar que tenho 300 pessoas, preciso de 300 mesas," explica Bruna. "Tenho que pensar que uma parte estará em reuniões, outra parte em trabalho virtual, ou em salas de time. Empresas que trabalham em squads precisam de salas de projeto. Esse recurso de dividir o espaço por atividades é fundamental."
Zonas de silêncio para concentração, áreas com mais plantas e madeira para criar um refúgio, e salas flexíveis com design vibrante para dinâmicas de criação são outros exemplos práticos dessa nova forma de projetar escritórios.
+ Assista ao talk "Tendências e soluções aplicadas à Arquitetura Corporativa" na íntegra
Novos produtos para novos ambientes
Outra tendência acelerada pela pandemia é a de levar mais aconchego e bem-estar para os funcionários, criando ambientes com um quê de casa. Para isso, a oferta de novos produtos corporativos foi fundamental. Hoje há uma variedade maior de opções ergonômicas e esteticamente agradáveis. "Estamos sentados aqui em um banco que traz sensação de casa, mas é ergonômico," diz Sergio.
Os clientes, muitas vezes, não conhecem essas novas opções, e é papel dos profissionais de arquitetura apresentá-las. "Eles esperam que a gente traga soluções para tornar esses ambientes diferenciados", acrescenta Sergio.
O uso de biofilia, que é a incorporação de elementos naturais nos ambientes construídos para promover bem-estar e reduzir o estresse, faz parte dessa tendência. Além de melhorar a saúde mental, estudos mostram que o contato com a natureza também aumenta a produtividade.
Mudança de Mentalidade do Cliente
A mentalidade dos clientes mudou significativamente, tornando-os mais abertos a sugestões e a novas abordagens. "Os clientes querem saber como trazer as pessoas de volta, conectar as pessoas, ter senso de pertencimento. Isso é uma mudança recente", diz Sergio.
"As ferramentas de processo de investigação são fundamentais para entender as necessidades não só dos clientes mas também das equipes”, diz Bruna. “No início do projeto, utilizamos pesquisas e workshops para uma escuta ativa das necessidades dos colaboradores. Essas ferramentas compilam informações importantes para a materialização dos espaços, considerando bem-estar e atividades das pessoas", diz Bruna.
O cliente moderno se tornou mais participativo e consciente das suas necessidades espaciais. "Antes, eles simplesmente solicitavam espaços funcionais. Hoje, eles desejam ambientes que reflitam suas culturas organizacionais e que tenham as pessoas no centro", conclui Bruna.
Sobre o Conexão Minimal
A revista Projeto armou uma série de bate-papos relacionados a arquitetura, construção e design no ambiente oficial da Minimal Design na CASACOR São Paulo 2024, o Conexão Minimal.
E ainda dá tempo de participar. Até o final do mês, ainda vão rolar dois talks:
- 17/07, às 17h - Legado 2024/2025: o que vimos na CASACOR, com Livia Pedreira, curadora da Casacor, Adriano Stancati e Eduardo Martinhao;
- 24/07, às 17h - Arquitetura do bem-estar: neuroarquitetura nos ambientes hospitalares, com Lara Kaiser, Perkins&Will, e Ana Paula Naffah Perez, C+A Arquitetura.
A participação é gratuita para os visitantes da CASACOR. Mais informações aqui.